Inspirações, homenagens e autenticidade em acessórios
Clichêe: cada criação é uma proposta de beleza e conexão
Por redação @ncoisascomunicacaoe
Já pensou ter uma joia ou um acessório com o seu nome? Quem usa as peças da Clichêe Acessórios pode se surpreender com esta homenagem. “Minhas clientes são minhas inspirações”, declara a idealizadora da marca Gisele Barthar.
Nomes como Tia Má, jornalista; Nina Silva, CEO do Movimento Black Money no Brasil; Luana Xavier, atriz; Raphaela Galiza, maquiadora e muitos outros estão em coleções desenvolvidas por Gisele.
Ela conta que só escolhe o nome depois da peça pronta. Quando termina de montar a imagem da cliente surge imediatamente na cabeça dela: “nem sei explicar o que acontece: olho a peça e na hora visualizo uma determinada cliente”.
Gisele defende que a definição dos nomes é despretensiosa e espontânea. Surge de um processo intuitivo, por isso nem todas as peças são batizadas com nomes de clientes.
Só para se ter uma ideia, também há nas coleções nomes como: bracelete Makeda – Rainha de Sabá, brinco Aqualtune e colar Fivela da Deusa Ísis. No entanto, Gisele também produz peças personalizadas.
Além do estilo autêntico, Gisele identifica que a Clichêe tem dois propósitos: embelezar e conectar.
E com o passar do tempo, foi percebendo as múltiplas conexões que se formam por trás das etapas de produção.
Por isso, entende a Clichêe como um elo entre a cultura africana e a autoestima.
Luana Xavier exibe brincos criados para homenageá-la.
O nome Clichêe
No dicionário de língua portuguesa, a palavra clichê significa ideia repetida ou lugar-comum. Exatamente o conceito que levou Gisele Balthar a escolha do nome.
Pode soar contraditório, mas é estratégico, garante Gisele. Ela explica que queria um nome que proporcionasse liberdade de criação.
“Tinha que ser um nome que permitisse uma criação totalmente autoral e também , que em algum momento, pudesse ser basicona”, revela Gisele.
E complementa: “assim, se um dia eu acordasse e quisesse produzir algo bem popular, não teriam cobranças”.
E tudo começou a partir de um sonho. Gisele foi dormir com a missão de escolher o nome da marca de seus acessórios e acordou com a palavra “Cliclêe” na cabeça.
Inclusive com a letra “e” duplicada. Mas o negócio inicia sem muito direcionamento.
Porém em 2015, começa a encarar a Clichê Acessórios como um plano de negócio e constrói a identidade visual da marca.
Com isso, dedica-se a entender os trâmites administrativos e mergulha na elaboração da proposta estética da Clichêe. É quando os búzios entram definitivamente nas criações como peça central.
Desafios de uma empreendedora
Gisele conta que um novo mundo se abre para ela , quando aos 16 anos, entra com uma amiga numa loja de bijuteria, em Madureira, Zona Norte do Rio de Janeiro. Logo em seguida, começa a produzir bijus de miçangas e a vender sem grandes pretensões para familiares, amigos e vizinhança.
Logo depois, descobre que seu maior prazer é ver as pessoas usando suas criações. Aumenta a produção e passa a trabalhar com pedras, cristal, metal e entrelaçamento de nylon. Vem a faculdade e com isso, novas demandas. Formar-se em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e com o trabalho de professora, acaba tendo que interromper as criações.
Click AQUI e conheça as coleções de Clichêe Acessórios
Então, após superar desafios pessoais, a Cliclêe Acessórios torna-se uma realidade. Relata que é um esforço muito grande ter que ao mesmo tempo cuidar da parte artística e administrativa. E isso, sem ter vivência em negócios e nem aportes financeiros para investir na ideia.
“São grandes desafios que nós negros e negras sentimos muito mais, porque a maioria de nós não tem herança”, pontua Gisele. E arremata: “Em geral, nossas famílias não são donas de empresas e com muita determinação isso vai ser diferente para as próximas gerações”.
Gisele Balthar: idealizadora da Clichêe Acessórios
Para mudar os cenários desigual de oportunidades, Gisele aposta na potência dos coletivos. “O que me fortalece todo dia é olhar para o lado e ver que não estou sozinha, iniciativas com o Afrolab e Black Money fazem parte do meu crescimento”, defende com emoção na voz.
Diz também que para avançar é preciso desenvolver habilidades. “Cuido de tudo, desde compra de material a atualização nas redes sociais e consigo porque estudo, faço cursos, busco me aprimorar”, pontua.
E finaliza: “são dificuldades que somadas ao racismo complicam muito as coisas, mas os coletivos nos ajudam a ter visibilidade e notoriedade”.