Vida e obra do rei da Black Music Brasileira em: Gerson King Combo – O filme
Documentário conta a história do artista ícone do anos anos 60 e 70, que se tornou uma inspiração para músicos e artistas
Por redação @ncoisascomunicacaoe
O documentário “Gerson King Combo – O Filme”, tem estreia programada na Music Box Brazil, canal de televisão por assinatura dedicado exclusivamente à música brasileira, no dia 28 de agosto. O documentário conta a vida e obra de Gerson King Combo, mostrando a influência e o legado do artista para a cultura brasileira.
E é recheado de depoimentos de vários músicos, artistas e também da irmã de Gerson, Diva Côrtes. Os relatos são contatos obedecendo o perfil do próprio Gerson, num tom que ora faz rir e em outro refletir, com muita autenticidade. É uma narrativa dinâmica, que ao misturar acontecimentos ocorridos no palco, nos bastidores e vida fora do holofotes, surpreende o tempo todo.
O filme também aborda os desafios enfrentados por Gerson King Combo durante a carreira, especialmente no período da ditadura. Porém, também mostra o jeito altivo que ele lidava com as diversas circunstância de preconceitos e perdas, inclusive da esposa, Angélica Côrtes. Depois de viúvo, Gerson nunca mais se casou.
No entanto, apesar de ser considerado uma potencial musical, o nome de Gerson King Combo ainda é oculto para muitos no Brasil. E no intuito de virar este jogo e perpetuar por gerações o significado de Gerson King Combo para música, cultura e para as lutas antirracistas, o diretor David Obadia mergulhou neste universo durante 10 anos. Tempo que levou para o filme ficar pronto.
E David conta que o filme é resultado de várias parcerias que acreditaram junto com ele que a história de Gerson King Combo precisava ser eternizada.
“Gerson é pedra fundamental musical na luta contra o racismo estrutural que assola o nosso país, ele é ousadia, autoestima, talento! Gerson pode ser entendido como um sorriso interminável de afeto, amor e carinho, sem jamais perder ritmo, ímpeto e força na luta por um mundo mais justo”. David Obadia
Depoimentos de artistas e músicos
O documentário conta com depoimentos de: Alcione, Carlos Dafé, Da Ghama, DJ Marlboro, Dom Filó, Elza Soares (1930 – 2022), Fernanda Abreu, Jair Oliveira, Lady Zu, Leci Brandão, Marcelo D2, Max de Castro, Mr. Catra (1968 – 2018), Rappin’ Hood, Serjão Loroza, Thaíde, William Magalhães, Wilson Simoninha e Zezé Motta. Entre outros.
O filme chega às telas, pouco antes da data em que Gerson King Combo completaria 80 anos de vida. Ele nasceu em 30 de novembro de 1943 e partiu em 22 de setembro de 2020, por complicações relacionadas ao diabetes.
E para quem não viveu aquela época e não teve a oportunidade de conhecer o suingue de Gerson King Combo, as imagens de show e performances de Combo no documentário dão o gostinho do que era “dançar como dança um black” (trecho da música Mandamentos Black).
Gerson King Combo por Gerson Rodrigues Côrtes
O nome Gerson King Combo tem duas referências distintas. King, foi escolhido para expressar explicitamente como ele se sentia como um rei. E em inglês, para que ele fosse associado aos americanos, como ele próprio assume e fala no filme. Já o Combo, como também é contado por ele no filme, faz referência à uma celebração africana.
Porém, o Gerson Rodrigues Côrtes, era carioca, nascido em Madureira, subúrbio do Rio de Janeiro. E a carreira artística é marcada, especialmente, por dois álbuns: um lançado em 1977 e outro, em 1978. Ambos batizados com o próprio nome do artista. E a capas dos discos eram tão diferenciadas, quanto as músicas.
O figurino era emblemático: cartola, acessórios, cedro e capa. Peça digna de rei, marcante no visual do artista. E quanto o estilo musical, a assinatura era uma mistura de soul, funk e muita brasilidade.
Tendo a identidade artística como resultado de sua experiência de vida. A realidade do homem que nasceu e viveu no reduto de Escolas de Samba como Portela e Império Serrano, cercado de influências da música americana e do Movimento Black Rio.
Isso tudo, segundo o jornalista Dom Filó, fundador da Cultne, parceira na produção do documentário, dava ao Gerson King Combo um perfil entre a tradição e a inovação. Dom Filó, figura expoente do Movimento Black Rio, conviveu com Gerson King Combo.
Dom Filó define Gerson King Combo como uma referência para as gerações futuras.
“Combo é e será emoção, ancestralidade, alegria e vida, é letramento racial em arte, cultura e música”.
Dom Filó
E em família, o filho Gerson Côrtes, o Júnior, como King Combo o chamava, o pai era um parceiro de vida. E diz que o documentário é uma homenagem que mantém viva a memória que ele guarda no coração.
“O documentário abarca a carreira musical e o legado artístico que ele deixou para a cultura brasileira. Foi a expressão de um momento histórico de contestação e ascensão do movimento negro nos Estados Unidos que, mesmo com a ditadura, de alguma forma ganhou repercussão no Brasil. Junto com Tony Tornado e Tim Maia, foi um dos precursores da Soul Music em nosso país”
Gerson King Combo – O filme
Direção: David Obadia
Direção de Produção: Maurício Eiras
Produção Executiva: Belisário Franca
Produção: Digi2 Filmes e Giro Filmes