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“Candelária” relembra 30 anos do crime que chocou o Brasil

Peça teatral estreia no Rio de Janeiro, com temporada até 23 de agosto, na Casa de Cultura Laura Alvim

Por redação @ncoisascomunicacaoe

O espetáculo “Candelária” é resultado de pesquisa dramatúrgica realizada pela Trupe Investigativa Arroto Cênico sobre a chacina, que ocorreu na no Centro do Rio de Janeiro, em 1993. Na ocasião, oito jovens foram assassinados enquanto dormiam em frente à `Igreja da Candelária. A peça teatral, em cartaz no teatro da Casa de Cultura Laura Alvim, levanta reflexões sobre o crime que chocou o país.

No palco, os atores encenam fatos históricos com base em três recortes cênicos. O primeiro, faz referência ao Brasil de 1525, quando os africanos escravizados desembarcaram no país. Sem familiares, com nomes trocados e coagidos por torturas.

Já o segundo ponto, marca o período de doação de terras a estrangeiros, especialmente europeus, como um incentivo para vierem morar no Brasil. E por fim, expressam a atualidade: os terríveis acontecimentos na Candelária que ecoam até hoje.

A encenação artística de “Candelária” foi construída a partir da troca de vivências dos atores.

Foto: Camila Curty

A montagem teatral coloca no centro da discussão cênica questões étnico-raciais, como o enfrentamento da política de embranquecimento social. Que ao longo dos anos, tem se convertido em acirramento das diferenças raciais, conflitos e até em genocídio da população negra. Porém, apesar de tantas dores, “Candelária” é um manifesto de direito à vida.

E para Karla Muniz Ribeiro, atriz e dramaturga de “Candelária”, a força da arte é uma força transformadora, nenhuma forma de comunicação é tão direta como o teatro. Através dele é possível refletir sobre questões que, de outra forma, teríamos imensa dificuldade de explanar.

O elenco

No palco, quatro atores: Karla Muniz Ribeiro, Jonathan Silva, Simone Cerqueira e Madson Vilela. São artistas com trajetórias marcadas pela defesa da diversidade cênica em todos os espaços de arte, audiovisual e manifestações culturais.

Em relação ao jogo cênico, os parâmetros seguidos são os do Teatro Contemporâneo. Isso quer dizer, que a encenação é fragmentada e conta com a utilização de recursos artísticos e cenográficos que potencializam a montagem dramatúrgica.

Cartaz da peça Candelária

Quanto ao trabalho corporal dos atores, o diretor e também ator da peça, Madson Vilela, destaca que a linguagem cênica foi construída através de trocas de experiências vividas no palco e fora dele.

O ator e diretor, Madson Vilela considera o envolvimento dos atores como crucial para o resultado do espetáculo:

“Este é um espetáculo construído através do afeto. Sempre em roda, a cada encontro, partilhamos nossas vivências e experiências pessoais“.

Madzon Vilela

Sobre a Trupe Investigativa Arroto Cênico

A Trupe Investigativa Arroto Cênico é um coletivo teatral da cidade de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. O coletivo foi criado em 2015 pelo ator Erci Moraes com o objetivo de agregar artistas da região. E um dos intuitos é desenvolver atividades de pesquisa em artes cênicas para criar o próprio repertório.

Fotos: Camila Curty

O coletivo conta com a direção teatral de Marcos Covask e tem como missão fomentar atividades culturais na Baixada Fluminense, região historicamente desprovida de intensa programação artística. E além de mobilizar a região, a Cia. atua estimulando a formação de atores, técnicos e economia de toda cadeia do segmento artístico.

E a Trupe já conquistou 45 prêmios e mais de 50 indicações nas mais diversas categorias. E já esteve em cartaz com quatro espetáculos: “Borra”, “Francisca – Uma Casa Enlutada”, “Zero.5” e “Panóptico”. E com as montagens teatrais amplia a inventividade, tendo como ponto de partida o apurado senso estético e inovação artística.

Onde assistir

Local? Casa de Cultura Laura Alvim (Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema, Rio de Janeiro)

Quando? até 23 de agosto, às terças-feiras e quartas-feiras.

Que horas? 20h.

Quanto? Meia R$ 20,00 e Inteira R$ 40,00

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